Da estadia na Coreia do Sul muito ficou ainda por relatar… e antes que venha daí nova viagem… vamos ver se avanço com isto recorrendo à minha memória…
Bem, da gripe já percebemos que eles se adiantaram a nós. Então e o resto?
Despachada a papelada e convencidos que diamantes, gripe A, mexicana, ou vírus H1N1 não me acompanhavam desde Portugal consegui finalmente sair do aeroporto quase às 7h da manhã (23h – hora portuguesa).
Entre ligar os telemóveis, identificar o ponto de encontro empatei algum tempo.
O cheiro naquele país era… bem… certamente o odor asiático é diferente do europeu e tal é perceptível às minhas narinas que felizmente rapidamente se habituaram.
Pele heterogeneidade do tom de peles e fisionomias rapidamente nos juntamos um grupo de jovens que vinham todos ao mesmo. Já os nossos anfitriões atrasaram-se um pouco e, entre muita azáfama e dúvidas que caracterizaram os primeiros dias, vieram a demonstrar-se cicerones incansáveis e esforçados.
Do aeroporto apanhamos um transfer para perto de uma universidade onde o outro autocarro do Resort nos foi buscar. Check-in, acartar malas… Quase uma manhã se passou neste rodopio.
O Resort ficava a cerca de duas horas de Seul! Num bairro de aspecto nada agradável e apesar dos baixos níveis de criminalidade fomos aconselhados a não atravessar sozinhos os portões do Hotel. Lá, para minha surpresa havia um campo (acho que isto tem outro nome) de golf!! Qual Algarve!
Pânico: eu fiz 15 horas de viagem para ficar um dia inteiro fechada num Hotel? Nananinão!
Oh desculpem lá meninos simpáticos e de olhos em bico, eu tenho uma entrevista às 15 horas com o Embaixador de Portugal! Ehehe
E lá os convenci. Ninguém me acompanhou. Chamaram um táxi que me deixou numa estação central onde deveria apanhar um metro que demoraria cerca de hora e meia até à minha paragem e depois novamente táxi para a embaixada.
Só destas duas horas poderia escrever um testamento. Tentemos por tópicos:
- 1º Táxi: assustador pois não falam mesmo língua nenhuma de onde se adivinhe um som, excesso de velocidade, passar semáforos vermelhos, atravessar pontes de madeira (de quilómetros, não eram 2 metros) por cima de arrozais ou algo parecido… buzina menos buzina, tempo a passar, tarifa a aumentar e…. Finalmente: estação central de Swan onde há imensa gente, shopping center… Aquilo a que nós habitualmente chamamos civilização…
- metro: ajudar um ocidental parece ser motivo de orgulho para uma determinada geração coreana que apesar de arranhar o inglês é incapaz de se exprimir. Lá consegui convencer duas jovenzinhas coreanas a desviarem-se do seu caminho e a me comprarem o bilhete: vitória 1. Depois de passar as cancelas e completamente incapaz de perceber que linha era qual e para que sentido ía (confesso que nunca me senti tão incapaz em país algum, em situação alguma) comecei a perguntar a todos os que passavam se falavam inglês, qual vendedora de escada de metro. Prestes a entrar no desespero houve um jovem que se aproximou de mim e me perguntou se precisava de ajuda (Deus existe!!! Não que eu tenha dúvidas mas às vezes…). E pronto, bem encaminhada lá me acompanhou no metro durante cerca de 1 hora.
Felizmente o metro era de superfície pelo que me permitiu ter uma primeira noção do país. Quanto à conversa fiquei a saber que o rapaz estudava engenharia, tinha estado seis meses nos EUA em casa de uns primos e por isso falava tão bem inglês e tinha compreendido o meu problema! Lá perguntou de onde eu era e por que razão tinha percorrido meio globo sozinha para lá ir parar. Perguntou-me se tinha namorado e falou-me um pouco da vida de estudante na Coreia. Acabou por ser agradável não passar todo aquele tempo sozinha. No resto da carruagem foi possível ver os olhares incriminadores (ou pelo menos assim me pareciam na altura) por um coreano ir a falar com uma jovem ocidental que viaja sozinha.
2º táxi: Ai vida. Dei com a paragem, dei com a saída. Meti-me num táxi e apontei para o papel com os contactos da Embaixada de Portugal e …. Esquece lá isso! Nem com o GPS ele lá chegava (e afinal ficava a dois quarteirões dali). Fala, fala, fala. Para não variar não percebi nada. E saca do telemóvel! Apesar de implorar a dizer não, não, não…lá telefonou para o telefone da embaixada que estava no papel a perguntar o caminho e me deixou à porta do edifício com a bandeira do meu Portugal que apesar de o ter abandonado nem tinha 24 horas já me sentia a anos de distância de tanta aventura e emoção.
E assim foram as minhas primeiras horas. Só daqui podemos ainda tirar muitas impressões sobre o trânsito, as lojas, as pessoas e o sentimento de uma jovem armada em aventureira a passear-se sozinha em terra de mísseis!